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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Não é bem o que Tchaikovsky imaginou



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Cisne Negro (Black Swan, EUA 2010)

Direção Darren Aronofsky

Estrelando: Natalie Portman, Mila Kunis, Barbara Hershey, Vincent Cassel, Winona Ryder




Conheçam Nina (Portman), uma doce moça no meios dos seus 20 anos, uma beldade de aparência frágil, modos contidos e seu tom de voz é suave e quase inaudível. Seus grandes olhos castanhos sempre tem um ar melancólico e inocentes. Nina é a personificação da pureza, portanto não é difícil ve-la vestida em um branco impecável, graciosamente dançando na melhor representação da princesa transformada em ave do Lagos dos Cisnes, o famoso balé de Tchaikovsky

E como a dança domina até os seus sonhos, a obstinada (para não dizer obcecada a ponto de auto-mutilação e bulimia) Nina é a nova escolhida para ser a estrela da companhia de balé de Nova Iorque, tomando o lugar da personagem de Winona Ryder, já no crepúsculo da sua carreira (não, ela não vai fazer um filme com vampiros luminosos...) e nada contente com isso.

Tudo parece ir as mil maravilhas até o momento que o diretor Darren Aronofsky decide ser, bem, Aronofsky, e começar a ferrar com seus protagonistas, assim como fez em "Réquiem para um Sonho" e "O Lutador" . Para o novo diretor do espetáculo (Cassel) a perfeição técnica da dança de Nina e seus modos impecáveis não bastam para interpretar inteiramente o seu papel, já que a princesa possui uma impostora, a cisne negro, que representa tudo o que ela não é, uma mulher sedutora e maliciosa.

O problema é que Nina é uma moça cristalizada em uma infância artificial. Vive em um quarto rosa cheios de bichinhos de pelúcia e qualquer manifestação de sexualidade é reprimida pela sua sufocante mãe. Isso incapacita e frustra a nossa heroína, fazendo com que a chegada de uma nova bailarina (Kunis), que exala confiança e desejo, a sua própria a cisne negro. A rival apenas piora a psicose de Nina.

E é ai que a coisa fica insanamente boa! essa é uma história que vai além de uma bailarina com um parafuso a menos, é sobre a desconstrução e por consequência a destruição do ser para a criação da arte, é sobre a percepção distorcida que uma pessoa reprimida tem do mundo e daqueles que a cercam e Aronofsky ainda arranja espaço para transformar o filme em um "thriller" com sustos genuínos e ainda incluir bizarras metamorfoses.

Cisne Negro tem como um dos seus pontos principais a melhor atuação de Natalie Portman, que segura com incrível destreza o filme, o qual trabalha inteiramente para o sua personagem. Sacaram que eu não mencionei nenhum nome além do da Nina? Porque não é necessário, todos os coadjuvantes estão lá só para adicionar mais carga emocional a já instável protagonista, eles estão mais para demônios pessoais de Nina do que para seres humanos., seja na pele de um diretor que a manipula sexualmente e a aterroriza ao mesmo tempo, uma mãe monstruosa que quer viver os seus sonhos na pele da filha e uma rival maliciosa e traiçoeira que também representa aquilo que Nina secretamente deseja ser.

E esse desejo se transforma em um dos momentos mais comentados do filme, na qual duas das mais lindas atrizes do mundo engajam uma tórrida cena de sexo. E admito, eu apenas pensei no peso e simbolismo que isso teria na história... Valeu Aronofsky, você praticamente matou meu pênis com seu filme muito bem construído.... babaca!

E falando em simbolismo, o filme é repleto deles. Sério, cada frame, cada enquadramento foi cuidadosamente pensado para nos aproximar com o estado emocional de Nina. E fiquem de olho nos espelhos povo, prestem atenção nos espelhos.

Enfim, um belo filme que entrou forte para concorrer o Oscar. Com uma cinematografia única, uma fortíssima atuação de Portman, que provavelmente vai levar a estatueta, Cisne Negro é um dos grandes candidatos a se tornar parte dos "novos clássicos", aqueles filmes que serão comentados e se tornarão fonte de inspiração no futuro.

Mas pessoalmente, embora não consiga pensar em defeitos específicos para esse filme, eu não consegui entrar completamente na atmosfera dele, e muitas vezes algumas cenas me pareceram arrastadas e forçadas. Ainda assim, o terceiro ato é provavelmente a melhor meia hora de cinema que 2010 teve a oferecer, é muito, mas muito bom!!! Eu não costumo recomendar um filme por apenas parte dele, mas esse vale a pena pessoal, confiram Cisne Negro.

Nota: 8,5

Eu juro que vou começar a atualizar o meu twitter!!

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