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sábado, 26 de fevereiro de 2011

A picada do Besouro Verde!



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O Besouro Verde (The Green Hornet, USA 2011)

Direção: Michel Gondry

Estrelando: Seth Rogen, Jay Chou, Edward James Olmos, Christoph Waltz, Cameron Diaz




O Besouro Verde é um antigo, antigo herói do tempo dos "pulps", antes dos homens de outros planetas aterrizarem na terra com habilidades muito além dos humanos normais. Armado com uma arma de gás e um chofer mestre das artes marciais, o dono de jornal Britt Reid combate o mal se disfarçando como um criminoso mascarado.

Nascido no rádio dos anos 30, atualmente o herói é conhecido mais pelo seu seriado de vida curta nos anos 60. Mesmo com apenas uma temporada, foi o bastante para marcar pelo fato de ter sido o debut da maior lenda das artes marcais de Hollywood: Bruce Lee.

Com o passar dos tempos o herói caiu no esquecimento até que a febre dos super-heróis chegou nos cinemas, e diversas pessoas tentaram trazer o Besouro Verde a grande tela. Curiosamente foi o script de Seth Rogen e Evan Goldberg (a dupla responsável por "Superbad") com a direção de Michel Gondry que conseguiu ir até a linha de chegada.

Eis um time estranho, os escritores são especializados em piadas de maconheiros e o diretor é um favorito de filmes experimentais como "Eterno brilho da mente sem lembranças" e "Rebobine por favor". Então esse filme criou mais curiosidade do que expectativas, e a idéia de Rogen, que vem navegando em um mar de impopulariedade, interpretando um super-herói não ajudou muito a empreitada a ser vista com bom olhos

No final das contas saiu um bom filme, misturando um humor fácil de cativar com uma história simples mas sólida. Britt Reid (Rogen), completamente diferente da sua versão original, é um mimado palyboy que por dentro é uma boa pessoa, mas desistiu de fazer qualquer tentativa por causa do seu rigoroso pai que não possui qualquer tipo de tato para educar uma criança.

Com a morte do pai, Britt conhece o mecânico da família, Kato (Chou), o gênio da mecânica, artes marciais e capuccinos, que assim como ele, também tem guarda um rancor do patrão que não apreciava o seu trabalho. Juntos, em uma noite de traquinagens que acaba em uma perseguição com a polícia, os dois decidem se tornarem vigilantes mascarados, sob o alias de Besouro Verde, ganhando fama graças a manipulação de Britt das manchetes do seu jornal.

A dinâmica do relacionamento entre Britt e Kato é de longe a melhor parte do filme. Em uma mistura de super-heróis com a rotina de "Buddy cops" a lá "Máquina Mortífera", o relacionamento dos heróis passa de amizade para irmandade, junto com inveja e reconciliamento. E funciona, mesmo com Rogen não fazendo nada muito diferente do que a sua atuação rotineira e Chou, apesar do pobríssimo domínio do inglês (em entrevistas ele precisa de um tradutor), faz uma boa primeira impressão no ocidente e mostra porque ele é uma das grandes estrelas do cinema asiático.

Como vilão temos o impronunciável Chudnofsky (Waltz, ainda colhendo os frutos de "Bastardos Inglórios") um mafioso passando por uma crise de meia idade. Diferente de outros homem que compram carros rápidos, o gangster procura outras maneiras de recuperar a sua auto-estima, como pistolas com dois canos. A sua cena de apresentação é uma das melhores do filme, misturando humor com a ameaça que Chudnofsky representa. Uma pena que Waltz não teve oportunidades o bastante para desenvolver o personagem.

Pena maior foi Cameron Diaz como Lenore, a assistente de Britt Reid e aparentemente um aliada dos heróis. Mas sem qualquer grande participação da história, e apenas mais um elemento para o inevitável conflito entre os dois protagonistas no segundo ato, Diaz está mais para um extra do que um personagem, e é a falha mais evidente do script.

Entre as outras falhas está a história principal sem inspiração alguma, cenas de ação que embora contém com boas idéias, como a "Kato-vision", e um decente uso de 3D, mas não são bem executadas, com um uso confuso de slow motion.

Mas não só dos chutes e socos de Kato que o filme sobrevive. As cenas envolvendo o carro-tanque da dupla, a Beleza Negra, são demais! O carro contém todo o tipo de armamentos e coisas legais que uma criança de 10 anos pensaria, e os dois heróis simplesmente se divertem o seu brinquedo grande. E ai meus amigos está a grande característica para os filmes de heróis funcionarem: os atores precisam GOSTAR de serem heróis, precisam gostar em vestir máscaras e lutar contra vilões. E é isso que Rogen e Chou fazem, eles se divertem e nos convidam a nós divertirmos junto com eles, seja chutando traficantes ou cantando "Gangsta paradise" ao saírem para a primeira missão.

Eu não vão mentir, o filme não tem nada de especialmente único, a mistura de humor com super-heróis não é nova, o Besouro Verde nem de perto é o melhor que o gênero pode oferecer, junto com falhas muito evidentes e pouquíssimos momentos de inspiração na direção, o que é decepcionante se levarmos em consideração quem está or de trás das câmeras.

Contudo, o longa não pede nada além que audiência tenha um bom entreterimento com Britt e kato, e isso é fácil, pois eu me diverti a beça, o que é muito, mas muito mais que eu posso falar da maioria dos outros filmes lançados recentemente. Torço aqui que esse não seja o fim das aventuras do Besouro Verde, e uma continuação seja confirmada.

Nota: 8,0

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