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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Eu quero um filme de boxe estrelando o Batman!!!!



English:



O Vencedor (The fighter, EUA 2010)

Direção: David O Russell

Estrelando: Christian Bale, Mark Wahlberg, Amy Adams, Melissa Leo



Filmes de boxe contando a história de um indivíduo em uma situação desprivilegiada, com problemas amorosos, familiares, financeiros e principalmente, consigo mesmo. A jornada desses filmes não variam muito além da exposição das dificuldades dos herói, o suporte/confronto as pessoas amada e por fim a determinação do boxeador seguida da vitória sobre o adversário e principalmente, da dúvida de si mesmo.

Esse esquema, claro, conta com diversas variações, de Rocy a Touro Indomável, mas recentemente poucos conseguem trazer algo de novo e bom à fórmula dos filmes sobre boxe. Até que o diretor David O Russel decidiu contar a história real do ex-campeão dos pesos leves Micky Ward (Wahlberg), a relação com seu irmão Dicky Eklund (Bale) e a sua peculiar família comandada pela matriarca Alice (Leo).

Situada em 1993, o filme apresenta os dois irmãos que compartilham a paixão pelo pugilismo e aparentemente é a única coisa que eles têm em comum. Dicky, uma atração local por ter derrubado o lendário boxeador Sugar Ray Leonard (sendo que o próprio faz uma aparição no filme), é viciado em duas coisas: a primeira é ser o centro das atenções, o que é fácil com sua personalidade magnética, sorriso solto e um jeito peculiarmente divertido (o qual Bale acertou na mosca, mas volto a falar nisso). A segunda coisa é o crack, vício que o deixa tão fora da realidade que ele nem se toca que as pessoas o seguindo com uma câmera estão fazendo um documentário sobre o vício e não a sonhada de volta aos ringues.

Na sombra de Dicky está o caçula Micky, uma pessoa calma e reservada, mas que parece sempre estar carregando um terrível peso e um grito entalado na garganta. O que é compreensível com seu irmão/treinador relapso e uma mãe controladora. Os dois tomam conta da carreira de Micky, e a má gerência só o levaram a recentes surras homéricas.

Eventualmente o vício de Dicky e o descontentamento de Micky separam os dois, dai então o filme toma o rumo previsível da jornada de redenção e a busca do próprio valor. A execução é boa, e eu gostei do fato que, tirando umas três cenas, a história não entorta para o melodrama que muitos filmes de boxe apelam.

O personagem de Wahlberg apela de forma genuína a audiência como um homem lutando para construir a sua própria imagem com seriedade e determinação, mas incrivelmente contido em si mesmo, e ainda que ele não seja aquele personagem que gruda a atenção de todos quando entra em cena como Bale o fez, nos simpatizamos e torcemos por Micky sem problemas. O que é um alívio. Na minha opinião Wahlberg é o tipo de ator que funciona muito bem ou completamente perde a marca em um papel, sem meios termos. E sim, em "O Vencedor" o ator se sai muitíssimo bem.

Mas claro que o ator que realmente chama a atenção é Christian Bale, e não é a toa que é um dos fortes candidatos ao Oscar. Do Batman forte e vigoroso, Bale murchou para tomar a forma de uma triste criatura seca, uma sombra do que um dia já foi um pugilista talentoso. Enquanto trágico, o Dicky de Bale ainda mantém um humor e personalidade cativante e sem dúvida um esforço bem maior de todos os outros personagens estóicos que costuma fazer, como Melvin Purvis em Inimigos Públicos. Assim, como Wahlberg fez, é fácil gostar de Bale, sem contar a relação dos dois, já que as cenas em que os dois interagem são de longe as mais interessantes do longa.

O elenco de apoio também se sai bem. Melissa Leo como a controladora matriarca junto com as suas filhas que mais parecem harpias com suas garras bem fincadas nos dois irmãos. Amy Adams se mostra mais que um rosto bonito na pele de Charlene, o inevitável interesse romântico do herói e grande suporte emocional, sem dúvida o seu melhor papel em um bom tempo. Mas diferentes de vários outros "interesses românticos" Adams sai do pedestal de objeto de desejo do protagonista e participa ativamente da trama.

O filme em sí é bom, mas não toma riscos. Da metade para frente é perfeitamente possível prever todas as etapas do longa, e claro, a luta final, que é filmada de forma convencional para os filmes de boxe, deixando os comentarias trazer o clima do combate junto com uma edição competente (bem melhor que aquela confusão que foi o último filme do Rocky). Enquanto aprecio a forma sóbria e bem construída dos conflitos do filme, nada me deixou na ponta dos dedos e nenhuma das lutas me emocionou como os antigos filmes de pugilismo. É tudo muito bom, mas tirando bons momentos dos dois protagonistas, que denovo, são fáceis de gostar, infelizmente na maior parte do tempo mantemos uma distância do filme, e aí fica difícil participarmos das emoções da conquista final.

Então "O Vencedor" é um bom filme, traz alguns novos elementos ao estagnado mundo dos filmes de boxe, com uma peculiar dinâmica familiar, uma atuação honesta e sóbria de Wahlberg e um Bale tão, mas tão diferente do que estamos acostumamos que vale a pena conferir só por ele. Mas na essência, e isso fica bem claro no segundo e terceiro atos da história, o longa basicamente é a história de um indivíduo em uma situação desprivilegiada, com problemas amorosos, familiares, financeiros e principalmente, consigo mesmo.

Nota: 7,5

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