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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Uma odisséia digital... que não é bem épica.



English:



Tron: O legado (Tron Legacy, EUA 2010)
Direção: Joseph Kosinski

Estrelando: Jeff Bridges, Garrett Hedlund, Bruce Boxleitner, Olivia Wilde, Michael Sheen, James Frain




Em 1982 a Disney fez a sua primeira grande tentativa de entrar no ramo da ficção científica, mudando a sua mira para a nova geração de jovens encantados com o fenômeno Star Wars que George Lucas recentemente liberou no mundo inteiro. E essa nova audiência, que além de sabres de luz também gostavam de passar horas em fliperamas e jogando Nintendo.

E então nasceu Tron, um filme com uma idéia simples: uma aventura dentro de um videogame. Utilizando o avó da tecnologia de computação gráfica, o filme contou com boas cenas originais, mas no final das contas acabou sendo um filme medíocre e que não foi bem recebido nas bilheterias. Mas décadas depois, assim como tantos filmes da mesma época (como Blade Runner), Tron atingiu o status de filmes cult, seja por ser o primeiro longa a abordar os videogames, seja pelo visual neon-futurista ou pelas interessante corridas de motos. E a Disney, como não é trouxa, tratou logo de fazer dinheiro dessa fama tardia do seu fracasso.

Surgiu dai Tron: o legado, um filme bonito, com um visual realmente único e diferente, mas assim como o primeiro, acabou com uma medíocre execução.

Seguindo a regra das continuações hollywoodianas, este Tron é maior, melhor e mais "épico" que o primeiro. Os primeiros 20 minutos do filmes servem para ligar o filme a história do primeiro, já que muitos, como eu, nem devem ter nascido para ver o primeiro nos cinemas. A história começa introduzindo o desaparecendo do gênio da computação e herói do primeiro filme Kevin Flynn (Bridges), e deixando o seu filho Sam sozinho. Vinte anos depois o jovem Flynn (Hedlund) se torna um hacker talentoso, mas sem intenções algumas de assumir o seu posto na companhia do pai, se bastando com algumas travessuras digitais (e alguns comentários sofre software livre e monopólio da informações digitais). É então que ele recebe um chamado do pai e no antigo fliperama da família ele entra no mundo digital da grade, onde toda a ação 3D rola.

Lá Sam se depara com um regime fascista controlado por um programa chamado Clu, criado por seu pai a sua semelhança, o qual forçou o seu pai a um exílio dentro do mundo digital. Eu não vou contar todos os detalhes da trama, mas o tema central é a imperfeição da vida que Clu tenta corrigir contra a perfeição do mundo digital. Parece uma idéia grande e interessante, mas em um filme que ao mesmo tempo tenta construir um relação pai e filho, grandes cenas de ação e luta, referências ao filme de quase 30 anos e ainda por cima deixar pontas soltas para uma seqüência, não é de se espantar ela acabou ficando superficialmente pomposa.

Hedlund não dá nenhum diferencial ao herói além do rapaz destemido que sabe andar de moto, e Olivia Wilde, como a guerreira digital Quorra, não faz muita coisa além de ser ridiculamente linda. A atuação do filme cai quase inteiramente nos ombros de Jeff Bridges, que faz dupla jornada nesse filme como o velho Kevin Flynn e Clu, uma versão rejuvenescida digitalmente para ter a idade de 35 anos, quando fez o primeiro filme. Tanto como o líder tirano quanto uma mistura de mestre jedi com gírias dos anos 80, Bridges conduz o filme como o veterano que é. Mas ironicamente a melhor cena do filme não tem Bridges, e sim Michael Sheen, se divertindo na pele de um esquisitão albino dono de uma boate que parece se deliciar com o caos de uma boa luta.

Tirando Bridges, Sheen, e boas (mas escassas) cenas de ação, Tron o legado não tem muito mais o que oferecer. Os personagens ficaram fracos, a trama ficou rasa e chatíssima, e o pior de tudo, não é divertido. Em um filme em um mundo digital com motos de luz e lutas de discos, o longa parece ter receito em dar aquilo que a audiência tanto queria.

Quem faz parte do grupo que curtiu o primeiro filme e o ajudou a atingir a sua mítica atual, vejam, é o filme que queriam. Quem faz parte que queria ver um filme de ação em um mundo cheio de néon e corridas com motos de luz, vão sair querendo mais, coisa que a provável continuação vai. E quem queria ver um bom filme, vai sair decepcionado, aparentemente esse novo Tron, assim como o predecessor de 28 anos atrás, simplesmente não é um bom filme, apenas interessante por seus visuais e idéias.

Nota: 6,5

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sábado, 18 de dezembro de 2010

Fechem as cortinas e fujam de Skyline!!!



English:



Skyline: a invasão (Skyline, EUA 2010)
Direção: Greg e Colin Strause
Estrelando: Eric Balfour, Scottie Thompson, Donald Faison, David Zayas



Desde que o ser humano aprendeu a observar o espaço de perto e descobriu que havia a possibilidade de vida fora do nosso quintal terráqueo, vieram também as fantasias sobres esses seres extraterrenos, e como seria o nosso contato com eles.

E esse contado, segundo a maioria dos escritores de ficção científica, não é nada agradável. De homenzinhos verdes até aterrorizantes máquinas trípedes gigantescas, equipadas com armas desintegradoras, a maioria deles vem com propósito de extermino / conquista. Geralmente procuram os recursos naturais deste minúsculo planeta. Mas em "Skyline" os seus aliens fazem algo que não faziam desde os anos 50: coletar nossos cérebros.

E é com esses caras que o casal Jarrod (Blafour) e Elaine (Thompson) se encontram. Ao visitar o amigo Terry (Faison) em Los Angeles e após uma noite de festa e revelações irrelevantes a história, eles acordam ao som dos gritos da assistente de Terry (uma atriz ruim a beça que eu não vou me incomodar a procurar o nome dela), pois um dos seus amigos desapareceu após um clarão azul. Não demora muito para eles perceberem que a cidade está infestada de criaturas gigantescas a procura da baterias cerebrais.

E é isso. Só isso. Após o "Independence Day" de 1996, no qual a computação gráfica conseguiu finalmente mostrar todo a escala da devastação de uma invasão global, o gênero da ficção científica procurou nos efeitos especiais a grande atração dos seus filmes. E por um tempo funcionou, mas 14 anos depois que vimos aquela espaço-nave destruir a Casa Branca, um filme que o único ponto positivo são os efeitos especiais não pode ser mais ser levado em consideração.

E ai está o grande pecado de Skyline. Sem dúvida os aliens nas suas mais diversas formas e tamanhos são interessantes, mas com um script que beira o estúpido, atores medianos (a maioria criados na TV) e personagens sem qualquer tipo de personalidade e desenvolvimento, não há mais nada o que se fazer além de olhar monstros matando humanos.

Os irmãos Strause, diretores que ganharam uma fama nada desejável depois Aliens Vs Predadores 2, tentam pela segunda vez em Skyline, desta vez de forma independente, ou seja, com pouca grana. E já que a produção não tem recursos para mostrar uma guerra interplanetária em escala global, o interessante seria mostrar o ponto de vista de pessoas normais nessa nova e extraordinária situação, correto? Sinais com Mel Gibson pode ter os aliens mais retardados da nossa ficção, mas o filme foi focado na família fragilizada pela morte da mãe e a recuperação da fé durante um ataque alienígena, que garantiu ao enredo um tema bem mais interessante que os ETs em si.

Mas claro que esse tipo de desenvolvimento ficaria no caminho de mostrar os aliens, e ai o filme fica preso ao mostrar os personagens enjaulados em um apartamento, com as cortinas fechadas rezando para o bicho papão das luzes azuis não pegarem eles. Eu não posso descrever o quão chato e insosso é o desenvolvimento desse filme e como eu consegui ficar profundamente irritado pela idiotice dos personagens… e olha que em um longa desse tipo eu perdôo MUITA coisa, mas não dá para perdoar uma história que não conta… bem, uma história.

Ugh… olha, no momento que eu escrevo essa resenha esse filme já sai de cartaz aqui na minha cidade, mas se no cinema de vocês esse filme ainda está passando, evitem, é perda de dinheiro. Vejam qualquer outra coisa, e quando sair no DVD, se você precisar MESMO ver aqueles aliens, alugue, só.

Nota: 4,0

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sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma animação cabeçuda, mas não cerebral.



English



Megamente (Megamind, EUA 2010)
Direção: Tom McGrath
Estrelando: Will Ferrell, Tina Fey, Brad Pitt, Jonah Hill, David Cross




Uma das rivalidades do cinema recente que mais chamam a atenção é sobre os dois maiores estúdios de animação computadorizada: Pixar X Dreamworks.

Cada filme que lançado, um é mais bonito que o outro, e logo a excelência gráfica deixou de ser a primeira coisa a ser analisada nesses filmes, e sim a história. O problema que competir com a Pixar seria o mesmo que eu competir com… sei lá, o Picasso. E é essa a estigma da Dreamworks, a de fazer bons filmes, mas não tão bons quanto a Pixar, que parece soltar uma obra prima por ano, e atingiu o seu ápice agora há pouco com "Toy Story 3".

Mas a Dreamworks vem melhorando, dos filmes sem alma e recipientes vazios de vozes de celebridades e piadas pop-culturais, para longas que tem um significado, como o excelente "Como treinar o seu dragão", o que nos deixa a pergunta, como Megamente fica na história dessa rivalidade contra a gigante da Pixar.

A resposta: um filme perfeitamente bom, mas completamente esquecível.

A animação é linda, e o 3D muito bem utilizado. Novamente a decisão fica por conta do espírito do filme. E espírito esse filme tem, Will Ferrell na voz do protagonista com a gigantesca cabeça azul se certifica disso.

Ferewell, que durante a década estrelou muitas das melhores comédias, ultimamente andou preso a filmes de segunda, e a Feitieira (ugh..). Com Megamind ele definitivamente quer se livrar dessa maldição.

O filme é um twist interessante na história do super-homem e basicamente todas as relações dos heróis e vilões clássicos. Um jogo de gato e rato interminável, na qual o vilão nunca consegue causar a catástrofe e o herói apenas coloca o vilão na prisão, para o ciclo recomeçar na próxima edição.

E Megamind adora esse jogo. Ele e Metro man (Pitt) como dois alienígenas que cumprem seus papéis de malvado com super-inteligência e bonitão com poderes divinos.

Até que um dia o impossível acontece, o mal vence o bem, e ai vem a grande questão do filme: o que vêm depois? A resposta é o vazio existencial. A graça é mostrar que heróis e vilões são apenas crianças com uniformes que gostam de brincar de armas do juízo final e lutas épicas, mas o filme mostra que no final, a decisão de ser bom ou mal vem da própria pessoa, e não da imagem estereotipada que ela representa.

Louco para voltar a brincar de bandido e mocinho, Megamind então pretende criar um novo herói, Titan (Hill). O problema que esse novo herói não é um clichê, não se encaixa no jogo, ele não tem interesse em brincar e muito menos em ser o novo Metro man. Por fim se torna aquilo que Megamind nunca foi, uma verdadeira ameaça.

Enquanto, como disse, Ferrell dá tudo de si, os outros personagens não chegam a cativar. Pitt dá um tom de show-man exibido ao herói, e Hill não precisa de nenhuma caracterização já que sei personagem é a sua cara. Mas o maior problema mesmo fica com Tina Fey, como a "Lois Lane" Roxanne Ritchie. Enquanto não seja muito fã da Fey, ela é uma comediante e o filme não dá uma piada sequer a ela, e no fim das contas a sua caracterização ficou abaixo das outras.

Além disso, o filme não consegue encaixar boas piadas, e suas idéias não são particularmente originais, embora a jornada de redenção do protagonista é bem executada.

De destaque, é legal apontar a trilha sonora do filme, com rock clássico das antigas que se encaixa direitinho no filme, de AC DC até Guns, junto com efetivas músicas originais para as cenas emocionais.

Megamind não é aquela animação que vai marcar a infância da garotada, não vai prender os adultos além da hora e meia de duração e muito menos ameaçar o reinado da Pixar. Mas depois do "Como treinar o seu dragão", esse filme é um passo para trás. Para aqueles que não estão nem ai para a rivalidade dos dois estúdios só precisam saber disso: Megamind é divertido, vejam!

Nota: 7,5

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Mais um do Woody Allen...



English:




Você vai conhecer o homem dos seus sonhos (You will meet a tal dark stranger, EUA 2010)

Direção: Woody Allen
Estrelando: Gemma Jones, Naomi Watts, Lucy Punch, Pauline Collins, Frieda Pinto, Josh Brolin, Anthony Hopkins, Antonio Banderas



Ok! Jogo rápido. Para aqueles que são fãs do Nova Yorquino baixinho e nervozinho já sabem que faz mais de década que ele dedica os seus filmes ao cinismo da raça humana e a insignificância da existência. E em "você vai conhecer o homem dos seus sonhos" Woody Allen não faz questão nenhuma de ser diferente dos filmes que ele vem fazendo desde "Desconstruíndo Harry"… em 1997.

Enquanto é um filme bem construído, afinal Allen sabe fazer o seu trabalho, ele não apresenta nada de novo e o texto sem dúvida mostra uma forma desgastada de storytelling, a qual o seu autor tanto gosta.

A história é sobre duas gerações de casais da mesma família: Alfie (Hopkins) e Helena (Jones) que se separam após Alfie se apavorar com a sua própria mortalidade e tentar recuperar a juventude; e a filha deles: Sarah (Watts) e seu marido Roy (Brolin), em uma relação fragilizada pela teimosia do marido em tentar suceder como escritor, negligenciando as finanças e família para isso.

O enredo conta os episódios dessas quatro pessoas em sua busca pela felicidade, seja com cartomantes, a vizinha ou o chefe bonitão, tudo é válido para que atinjam os seus objetivos, incluindo atos deploráveis, como Roy que vai ao fundo do poço para ser reconhecido como escritor.

Mas bem como o nome original indica (em inglês é uma metáfora para a morte) essa não é uma história de finais felizes. O que encontramos aqui são personagens mesquinhos envolvidos nos seus problemas e frustrações incapazes de ter empatia pelos outros, incluindo até mesmo a chorosa e supersticiosa Helena.

O filme conta com uma narração que muitas vezes chega a ser redundante, descrevendo acontecimentos que a audiência está assistindo, isso tudo junto com os típicos diálogos do Wood Allen e trilhas sonoras entre o confortável Jazz característico do diretor ao violão clássico para marcar as cenas com Dia, a tentação de vermelho para o personagem de Brolin. Tudo reciclado de outros filmes do próprio Allen.

O problema em si não é só a repetição do estilo do diretor, que mesmo filmando fora de Nova York, retrata Londres como a mesma. É a qualidade mesmo. A melhor piada que o longa tem a oferecer é sobre a espera de Alfie a fazer o viagrar fazer efeito, mesmo com Hopkins conduzindo a cena. O restante não é interessante, os personagens não cativam, justamente por serem criaturas superficiais mesquinhas e não demora muito para que chegue aquele momento que você fica olhando as horas no relógio… (e tapando a luz).

Woody Allen é uma máquina de fazer filmes. Nesta década ele fez um a cada ano, sendo que apenas aqueles que contam com grandes atuações de atores inspirados são os que se salvam da mediocridade (Vicky Cristina Barcelona por exemplo). Mas como uma máquina, seus produtos são desprovidos de qualquer paixão, criatividade e significado que seus filmes antes tinham. Uma pena, Allen só está machucando sua antes excelente imagem com um amontoado de "filmes-nada".

Nota: 5,5

Foi mal a demora essa semana (era para ter saido no último sábado) mas por motivos de saúde só pude terminar hoje. Para mais informações do filme da próxima semana, sigame no twitter