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sábado, 19 de março de 2011

Passe longe deste filme!




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Passe Livre (Hall Pass: EUA, 2011)

Direção: Bobby Farrelly , Peter Farrelly

Estrelando: Owen Wilson, Jason Sudeikis, Stephen Merchant, Jenna Fischer, Christina Applegate



Muita gente pode não reconhecer o nome dos irmãos Farrelly, mas sem dúvida muitos lembram daquele filme em que o Jim Carrey andava em um furgão com forma de cachorro em "Debi & Lóide", ou aquele outro no qual a Cameron Diaz usa sêmem como gel de cabelo em "Quem vai ficar com Mary". Sim, os dois irmãos no fim dos anos 90/início de 2000 eram os grandes nomes no que se tratava de comédia, com um estilo de usar personagens "peculiares", explorando piadas com anões, albinos e até gêmeos siameses, tudo isso junto com gags escatológicas e acima de tudo, desconforto. A grande sacada dos filmes dos Farrelly estava em colocar simpáticos protagonistas em uma série de situações desagradáveis e embaraçosas e fazer a audiência assistir essas pobres almas se contorcerem.

Mas em "Passe Livre" o desconforto causado não vem das situações "cômicas" do filme, mas sim em ver o que era antes dois ótimos diretores e roteiristas de comédia se contentarem com um humor medíocre vindo do pior seriado de comédia familiar possível. (er.. nem tanto, "três é demais" ainda é pior). E o que era para ser uma das melhores comédias do ano acabou sendo o pior filme da carreira dos diretores.

Esta é a história de Rick (Wilson), um cara gente boa (como a maioria dos protagonistas dos Farrelly) feliz no casamento com a sua esposa Maggie (Fischer). Mas como o casamento já tem uma boa estrada andada, com filhos e tudo mais, o problema do sexo surge quando a libido se perde na rotina e cansaço. A falta de relações faz com que Rick e seu amigo na mesma situação, Fred (Sudekis), comecem a fantasiar com outras mulheres bem como seus dias quando eram garanhões solteiros. Como solução para lidar com essa crise de meia-idade as esposas dão aos dois um passe livre de uma semana fora do votos matrimoniais, quando os dois poderão fazer o que bem entenderem e assim retornarem felizes ao casamento.

A idéia do longa é clara: tirar situações cômicas de dois quarentões desacostumados com a rotina de solteiros e as dificuldades em se flertar com mulheres mais jovens e por fim descobrirem a felicidade está na relação do casamento monogâmico. Não é uma premissa original, mas se tratando de quem está dirigindo o filme poderíamos esperar uma boa comédia certo? Errado. "Passe Livre" comete o pior erro possível para um filme de humor: não ser engraçado.

As situações desconfortáveis estão lá, as piadinhas com pênis e fezes também junto com os personagens estranhos. O problema é que situações engraçadas só nos fazem rir quando nos importamos com quem elas estão acontecendo. Wilson já mostrou que sabe fazer comédia, mas seu desinteresse no longa é notável. E se nem o protagonista está interessado, por que a audiência deveria? Seu parceiro Sudekis até que tenta, porém seu personagem Fred é um idiota que confunde uma casa de massagem com uma "daquelas" casas de massagem. Isso não é situação cômica, é apenas um retardado.

Junto com os dois protagonistas insossos, temos as piadas mais monótonas possíveis, como o embaraço de flertes canastrões, um gordinho defecando em um campo de golfe e aparentemente Hollywood acha que pessoas com mais de 30 anos ficando chapadas é engraçado.

O real interesse do filme acaba recaindo nos ombros das esposas Maggie e Grace (Applegate…. sim o idiota é casado com a Christina Applegate), que além de sofrerem com a tentação de sarados esportistas, elas ponderam sobre o significado do sexo enquanto o casamento envelhece e as diferenças do que homens e mulheres procuram durante as relações carnais. O filme levanta pontos bacanas sobre a dinâmica do matrimônio como os dois gêneros enxergam a instituição, sendo que os homens tem uma ideal bem machista sobre o que as mulheres desejam. Mas aparentemente os Farrelly não possuem capacidade para desenvolver esse assunto apropriadamente, uma pena.

De resto… é apenas o resto. Os diretores não utilizam nenhum recurso de câmera especialmente notório, seus enquadramentos são padrões, assim como a edição. Não que seja ruim, mas o filme nunca consegue manifestar o clima de urgência que os dois protagonistas precisam fazer sexo antes do final da semana. A música também é sem sal, com as baladinhas românticas de sempre.

Mas enfim, tudo se volta para o roteiro que, enquanto traz observações interessante sobre a instituição do casamento, conta com um humor de pouca ou nenhuma inspiração, recorrendo a gags já batidas para as audiências de hoje e fraquíssimas atuações. Tudo isso para uma conclusão piegas e previsível demais, mesmo sabendo desde o início que este longa seria mais uma pregação sobre a felicidade de uma vida de monogamia.

Nota: 5,0


Próximo filme e outras informações, me procurem no Twitter povo. Até semana que vem!

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