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sábado, 2 de abril de 2011

Um soco surreal!

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Sucker Punch: Mundo Surreal (Sucker Punch, EUA 2011)

Direção: Zack Snyder

Estrelando:Emily Browning, Abbie Cornish, Jena Malone, Vanessa Hudgens, Jamie Chung, Oscar Isaac, Carla Gugino, Jon Hamm, Scott Glenn.




Sucker Punch é um convite à cabeça do diretor Zack Snyder. E ela é repleta daquilo que adolescente gostam: videogames, kung-fu, robôs gigantes, animê e garotas com roupas reveladoras. Os trailers e posters de divulgação focavam-se exatamente na idéia de vender mistura de todas as fantasias que "nerds" gostam, praticamente uma feijoada "geek".

E como Snyder foi bem recebido pelo público alvo com seu melhor trabalho até hoje, Watcmen, e claro, 300, o "hype" criado em cima deste longa quando foi divulgado na San Diego Comic Con, também conhecido como o maior evento nerd do planeta, se tornou astronômico. Mas também havia o temor que "Sucker Punch" seria apenas mais um filme com muito estilo mas sem nenhuma substância, uma crítica um tanto comum em filmes que exploram diversas influências visuais como é a proposta de Snyder.

Honestamente, eu estou divido se realmente Sucker Punch é um produto vazio que explora cenas de ação envolvendo zumbis, samurais, dragões e robôs no típico slow-motion que o diretor tanto se agrada, ou se Snyder conseguiu passar algo com a sua história? (diga-se de passagem que o roteiro também é da autoria do diretor).

Com o abrir de cortinas que lembram muito o que Baz Luhrmann fez em Moulin Rouge (carregando desde já o clima surreal), o filme abre em um videoclipe cantado pela protagonista Babydoll (Browning), recapitulando a triste trajetória da moça desde a morte da sua mãe até o seu encarceramento em um hospício pelo seu odioso padrasto.

Com uma lobotomia marcada para o seu futuro, Babydoll retira-se para um mundo imaginário baseado em um bordel do anos 60. Neste mundo, ela descobre o poder que possui de hipnotizar homens com uma dança espetacular e junto com outras quatro meninas, também internas do hospício/cabaré, elas traçam um plano para escapar dos seu carcereiros, homens retratados da maneira mais vil e nojenta possível.

Contudo a audiência nunca é permitida em ver a tal dança poderosa o bastante para paralisar homens. A metáfora da dança se torna clara quando as garotas são transportadas para mais um nível da fantasia, onde elas lutam com espadas, metralhadoras e até mechas (robôs de animê... eu não vou explicar tudo, dêem um google) contra uma legião de inimigos diferentes, de zumbis a dragões. E a cada dança um novo cenário é apresentado, como as trincheiras da Primeira Guerra com toques de"steam punk", castelos medievais com orcs e até um templo japonês. A dinâmica de fases de um videogame é clara, na qual cada estáfio contém um item necessário para o objetivo das heroínas. Se você pensou em "Legend of Zelda", parabéns! você sacou o que Snyder quer fazer.

Mas ai vem o mesmo problema que eu mencionei na resenha de Batalha de Los Angeles, montar um filme como se fosse um videogame é problemático porque assistir à games É CHATO!!! Videogames foram feitos para serem jogados e não assistidos!!!!

Um filme que possui duas horas e uma boa parte delas é dedicada à cenas de ação que sabemos que se constitui em uma fantasia dentro de outra fantasia, logo sem nenhum grande peso e, ou, relevância para as guerreiras e sua segurança. Isso tira muito da graça das lutas e não ajuda o fato que pular de um cenário steam punk para uma fantasia medieval não cria o clima do local ou faz a imersão apropriada para que as diferentes criaturas encontradas na jornada de Babydoll tenham sejam uma ameaça. Talvez apenas o bordel burlesque de época tenha uma atmosfera mais definida, mas ainda assim nunca o filme me conseguiu passar a idéia de prisão sufocante, a qual objetifica mulheres, que o cabaré deveria representar.

E falando em objetificar, as moças aparentente são definidas por um estereótipo marcado pelas suas roupas que mais parecem cosplays de desenhos japoneses (principalmente Babydoll em sua roupa de colegial). Mas Snyder mantém um bom gosto curioso no filme, dando o poder para as meninas sem ter que forçar o sex appeal barato. Mas isso seria muito melhor se Snyder colocasse um esforço maior nas suas personagens e nas suas histórias.

Repleta de um simbolismo um tanto pedante e muitas vezes sem nenhum peso real para a história, Sucker Punch sofre de não ser interessante o bastante para saber o que vai acontecer com as guerreiras da imaginação (ugh… foi mal). Cada uma é cuidadosamente vestida mas desleixadamente escritas. Babydoll não faz muito além de arregalar os olhos com os lábios entreabertos, Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Chung) mal abrem a boca durante a projeção inteira, e as irmãs Sweet Pea (Cornish) e Rocket (Malone) até possuem um background interessante, mas quando chega a hora de nos importarmos com elas eu já era tarde demais. Por esse motivo o terceiro ato de Sucker Punch perde muito do impacto que pretendia ter, contudo o espírito sinistro da história permanece forte, uma das características de Snyder que eu mais gosto. 

A cinematografia do filme é sem dúvida linda, é provavelmente a melhor qualidade do longa junto com a sua trilha sonora. Snyder manja de composição e enquadramento como poucos diretores da sua geração. Assim como 300 e Watchmen, cada frame de Sucker Punch é uma obra de arte dos mais variados estilos . Mas a beleza do filme conflita com a superficialidade maçante da sua história, condenando o longa a sua sentença já prevista de "estilo sobre substância".

Mas eu ainda não comprei completamente essa idéia. Sim, Sucker Punch possui falhas graves no quesito enredo e personagens, mas ele não é desprovido de espírito. Em uma época de escassez criativa no cinema, que cada vez mais recorre à remakes de filmes dos anos 80 e a explorar a nostalgia de "tempos melhores", Zack Snyder tenta de maneira louvável colocar a sua visão em prática ao misturar tudo aquilo que gosta em um amalgama de lutas e visuais incríveis. Eu não posso garantir que uma pessoa vá gostar do filme, mas eu posso garantir que ela vai sair do filme com uma experiência. Seja esta boa ou ruim, vai depender muito se ela vai sacar as diversas referências pop/geek culturais, mas no final das projeção é impossível não sair com uma impressão de Sucker Punch.

Nota: 7,0

Eu ainda não faço idéia qual será o próximo filme, mas sigam-me no twitter para saber a quantas anda a próxima tira. E no meu outro Blog tem wallpapers do filme feitos por este que vós fala

2 comentários:

  1. Seu comentário foi muito bom, concordo quando disse sobre a originalidade do roteiro, mas acho que esse foi o fato que acabou minando seu trabalho, os enquadramentos, o som a música, sàoi perfeitos, mas também faltou a história, se puder dá uma conferida no meu blog www.onlydreamers.wordpress.com

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  2. Valeu cara, eu vou passar no seu blog sim.

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